O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, criticou esta segunda-feira, o “desinvestimento do governo nas escolas de proximidade do concelho”. O autarca que falava durante a abertura da sessão solene evocativa do 33.º aniversário da elevação de Vila Nova de Famalicão a cidade, que encheu a Casa das Artes, demonstrou “preocupação” com os problemas de sobrelotação que algumas escolas do concelho enfrentam neste momento.
“O aniversário da cidade é uma efeméride convocante e coletiva. É o momento para festejar o caminho já percorrido, mas é também tempo para fazermos um balanço e avaliações de desempenho”, começou por referir Paulo Cunha, acrescentando que “este é o momento para colocarmos em cima da mesa os temas e os desafios que preocupam a nossa comunidade”.
“Percorremos um longo caminho para conseguirmos oferecer uma escola com qualidade comprovada, uma escola atrativa que aliciava muitas famílias de concelhos vizinhos a colocarem cá os seus educandos a estudar. A qualidade mantém-se, no entanto, não há capacidade suficiente para acolher sequer os alunos do concelho”.
Paulo Cunha denunciava assim que, neste momento, há famílias que são “empurradas” para fora do concelho porque não têm escola para que os seus educandos possam completar o seu processo educativo, que há crianças que por dia têm de fazer mais de 20 quilómetros para ir para a escola.
A situação é uma das réplicas provocadas pela decisão do Governo de suspensão dos contratos de Associação com o Ensino Particular e Cooperativo, em 2016, sem que se verificasse a reposição da oferta pública de ensino que era prestada naquelas escolas por acordo com o governo. O caso de Riba de Ave é exemplo com a vila historicamente reconhecida pelas boas respostas educativas ter ficado sem ensino público.
Mas o autarca aproveitou a oportunidade do aniversário da cidade para destacar também o desenvolvimento de Vila Nova de Famalicão, nomeadamente a evolução positiva dos últimos anos ao nível do emprego. “Esta melhoria foi fruto da conjuntura internacional, de medidas nacionais e mais peso teve ainda o dinamismo local”.
“Somos um povo com uma genética ambiciosa e arrojada, que ano após ano temo-nos superado e empoderado”, salientou. Neste âmbito, sublinhou “o envolvimento da comunidade famalicense” e o “enorme conforto institucional” que existe no concelho, envolvendo associações, empresas, movimentos e cidadãos.
O aniversário da cidade decorreu em ambiente de uma enorme festa coletiva e ficou marcado pela homenagem a 35 personalidades e instituições do concelho. Destaque ainda para o reconhecimento do antigo presidente da Câmara Municipal, Agostinho Fernandes, e do empresário Carlos Vieira de Castro como cidadãos honorários.
Tomando a palavra, Agostinho Fernandes assumiu que “na política, a última coisa que se espera é a gratidão” e adiantou que “não aceitaria a medalha de um qualquer político”, deixando alguns elogios a Paulo Cunha, reconhecendo-lhe “um caminho seguro em sintonia com o que conheço de mais avançado nos municípios europeus”. Por sua vez, Carlos Vieira de Castro emocionou-se ao receber a medalha, assumindo o reconhecimento de “um percurso de vida”.