“Portugal e os Estados Unidos da América do Norte. Da I República à Democracia Abrilista (1910- 1975)” é o tema que vai reunir, na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, nos dias 23 e 24 de novembro, perto de uma dezena de especialistas e investigadores na política externa de Portugal com os Estados Unidos. Trata-se de mais uma edição dos Encontros de Outono, uma iniciativa promovida anualmente pelo Museu Bernardino Machado que tem como objetivo debater e refletir sobre episódios da história nacional e internacional.
O tema das relações entre os Estados Unidos e Portugal tem vindo a ser debatido desde o início do ano com um ciclo de conferências dedicadas ao assunto. Ao todo foram promovidas, no Museu Bernardino Machado, nove conferências com a participação de especialistas e investigadores com obra publicada sobre o tema das relações internacionais.
Durante os dois dias dos Encontros de Outono irão realizar-se oito conferências. A primeira começa logo pelas 10h30 do dia 23, com o tema “Uma relação bilateral inevitável, mas desconfiada – Portugal e EUA 1910/1975”, com António José Telo, da Academia Militar, segue-se “Portugal e o Plano Marshall”, com Fernanda Rollo, da Universidade Nova de Lisboa. Pelas 12h10, debate-se “Portugal e os Estados Unidos nos anos 50: A questão de Goa e o acordo dos Açores de 1957”, com Daniel Marcos da Universidade Nova de Lisboa. Pelas 15h30, é a vez de Fernando Martins da Universidade de Évora debater o tema “Realismo e Idealismo nas relações EUA – Portugal durante a presidência de JFK (1961-1963)”, segue-se Aurora Almada e Santos e o tema “Portugal e as Nações Unidas: A questão colonial no após guerra”.
No sábado, a jornada inicia com “o mundo português e os efeitos do Movimento Wilsoniano” com Pedro Aires de Oliveira, da Universidade Nova. Pelas 10h30Bruno Reis do Instituto para as Políticas Públicas e Sociais aborda o tema da “Descolonização (1961-1975)”. Os encontros terminam com a abordagem do jornalista da Agência Lusa, Nuno Simas sobre “Os EUA na revolução portuguesa: da surpresa inicial à “pedra no sapato”com a URSS”.
Para o coordenador científico do Museu Bernardino Machado, o tema escolhido é de grande pertinência. “Num tempo de globalização é natural que a atenção dos cidadãos se volte para os protagonistas internacionais, na procura de sinais do futuro pois o “efeito dominó” de importantes decisões das principais potências mundiais é hoje não apenas uma estratégia política, mas uma inevitável realidade”. “Desde a queda do bloco soviético, que o neo-liberalismo tende a globalizar-se não apenas do ponto de vista económico, mas também no plano político, religioso e cultural, entre outros e, tem cabido aos EUA o protagonismo nesta mudança paradigmática”, salienta o responsável acrescentando que “neste âmbito é importante revisitar as relações multisseculares – e quase sempre amigáveis – que tivemos com este país desde o século XVIII até ao século XX”.
Também o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, considera o tema “muito interessante e de grande atualidade”. “Ao debatermos as relações de Portugal com os Estados Unidos ao longo dos tempos ficaremos com um maior conhecimento e com uma consciência mais profunda daquilo que nos une e daquilo que nos separa, assim como daquilo que podemos esperar no futuro”.
“As relações de amizade e parceria entre Portugal e os EUA são antigas e mais do que uma aliança militar, política e económica, baseiam-se, desde sempre, nos valores da democracia, liberdade e Estado de Direito”, assinalou ainda o autarca.